Apesar disso, tenho muitas dúvidas sobre se o TGV deverá ser uma prioridade nos investimentos públicos, como se tem vindo a fazer crer. Por várias razões. Desde logo, pela elevadíssimo esforço financeiro que será exigido ao país. Ou seja, a todos nós. Ainda que nos falem nas comparticipações vindas da UE ou nas soluções ao nível das engenharias financeiras.
Tudo isso é de considerar, mas apenas permite levar por diante a construção. Esquecendo a futura exploração do TGV. Ora, em termos de exploração, ninguém me faz crer que alguma vez venha a ser rentável. O que vai criar mais um enorme sugadouro de recursos públicos, por muitos e muitos anos. Depois, quando os ilustres responsáveis por estas decisões já ocuparem os seus cargos pós-governo, nós cá estaremos para pagar a conta. Nós, e todos os que virão a seguir.
Pois bem, posto isto é fácil ver que não considero o TGV como uma prioridade. Se gostaria que Portugal tivesse uma rede de TGV? Pois claro que sim! No entanto, mesmo considerando o efeito multiplicador e o efeito de locomotiva da actividade económica, que constitui todo o investimento previsto na respectiva construção, mesmo assim, ... há tanta, tanta coisa muito mais urgente neste país ...
2 comentários:
Caro amigo João Fialho.
Quero dar-lhe os parabéns pela oportunidade da questão que levanta e pela forma como lançou o tema.
O episódio caricato de Alijó que acaba de ser retratado em todos os telejornais, envolvendo telefonemas gravados entre os serviços dos INEM e os Bombeiros, dá resposta às suas dúvidas sobre as prioridades deste Governo.
O TGV é mais importante.
Enquanto isso os Portugueses vão morrendo por falta de assistência médica. Quase todos os dias surgem novos casos dramáticos que só são notícia porque envolvem mortes.
Para mim a Saúde (e não o TGV) é o espelho deste Governo.
MFQ
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È minha convicção de que o TGV, embora não sendo uma das prioridades do país, acaba por ser uma oportunidade à qual não poderemos renunciar e que, por questões de timing europeu, urge decidir rapidamente tornando-o assim num projecto prioritário.
Quanto à rentabilidade do projecto, e quem sou eu para o dizer, acredito nos estudos de viabilidade económica feitos pelos entendidos, e a confirmar-se as 2,45h entre Lisboa e Madrid, não me custa nada acreditar que o projecto será rentável; obviamente que grande parte desta rentabilidade advirá dos passageiros que deixarão de voar entre as duas capitais, com a consequente quebra de receitas para as companhias aéreas que, tradicionalmente, operam nessa rota.
Quanto à sessão de esclarecimento, que teve lugar hoje, promovida pelo Instituto Nacional do Ambiente, ressalta o impacte altamente negativo de um dos trajectos, já que atravessa uma albufeira existente na herdade da Ajuda Nova, facto que pode fazer alterar alguma coisa; naturalmente que se ouviram muitas vozes discordantes, umas com maior justeza do que outras mas, globalmente, o rácio qualitativo dos oradores, quer os institucionais quer os outros, não deslustrou mas, a avaliar pela dinâmica que neste momento já está imprimida ao processo, as alterações possíveis não andarão, com uma tolerância de 200 ou 300 metros para cima ou para baixo, e sempre no eixo sul, muito longe do que está até aqui definido.
Mário Pinelas
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