A morte concede o moral direito
Ao Homem quando sua vida findar
A homenagem e o respeito
De pessoas seu corpo velando a chorar
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Umas choram com desgosto sincero
Outras com desgosto por definir
E Deus omnipotente olha e austero
Nota muitas chorando a fingir
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As que vertem lágrimas sentidas
São as que o morto já desperta saudade
As indulgentes de bondade definidas
Transparentes de amor, de verdade
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As que vertem lágrimas por emoção
Porque o momento é dramático, triste,
São frágeis, são a indefinição,
Só debilidade nelas existe
.
As que vertem lágrimas fingidas
O acto é puro prazer, entretenimento,
Suas mentes baixas, enegrecidas,
Vão falando do alheio a passar o tempo
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O morto não as ouve, dorme no caixão,
Um sono que nunca mais vai acabar
Pessoas em seu redor com e sem comoção
Poucas penando, muitas sem penar
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Tanto cinismo, falta de sentimento,
Tantos corações mal formados, tortos,
Esquecem que também terão seu julgamento
Porque também um dia serão, mortos
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E revoltas em mim comprimidas
Ao ver tanta farsa, tanto fingimento,
De falsas lágrimas p'los dedos espremidas
Entristecem meu coração, meu pensamento
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Que pressentindo a extremosa
E desejada presença de Nosso Senhor
Rogam-lhe em prece fervorosa
Meu Deus, converte-as ao bem, ao amor
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João M. Grazina (Jodro)
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"Jodro"
1 comentários:
O Poeta hoje apareceu muito taciturno. Com um texto grave e algo sombrio. Mas também respeitoso face a alguém que nos deixou.
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