2.10.07

Observando




Para hoje trago a minha observação de comportamentos, quando há ajuntamento de pessoas, para assistirem por exemplo a uma inauguração de algum equipamento público.
Nesse tipo de eventos costuma haver uma primeira linha, que são os convidados oficiais, e numa segunda linha, a população em geral. Todos com o inteiro direito de estarem presentes, não há dúvidas quanto a isso, mas 90% dos que lá vão, saberão qual o seu papel ali ? A mim parece-me que vão lá por passa palavra, para fazer número, porque, interesse pelo facto em si, me parece que pouco existe.



Mas pronto, partindo do princípio que a cultura do nosso povo está em alta, existe depois um problema complicado de gerir que às vezes se torna caótico, quem vê primeiro?
Ora aí está, depois dos respectivos discursos e de inauguração, seguem na frente os convidados oficiais, como é óbvio, e depois, quando a porta é estreita, é um empurraa, empurraaa, empurrraaaa, numa procura de chegar em primeiro porque, “quem chegar em primeiro, ganha o prémio” e o prémio é “sair”, sim porque depois de tudo visto, já não há motivo para ali estar, a não ser que haja “morfes” porque aí sim, vale a pena. O que é que viemos mesmo inaugurar? Bem, não interessa, um petisquinho e uma boa pinga, aí já nos anima, e pronto lá inauguramos mais um equipamento para nos servir.

Imaginemos que esse equipamento receberia diariamente essa enchente de visitantes, era realmente um sucesso, mas não, a partir daí torna-se quase como esquecido, “para os 90% que referi anteriormente”, porque os outros 10%, é natural que façam um uso correcto do novo equipamento que têm à disposição.

É difícil perceber essas reacções do ser humano, parece perderem o controle de si próprios, quando sentem ameaçada “a sua prioridade”, mas enfim, é o que se vê um pouco por todo o lado, não sei se nos outros países isso acontece, mas repitओ , é difícil perceber. Até à próxima.



2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, este tema parece-me bastante interessante e eu não lhe resisto a um pequeno comentário.

“Os profissionais das inaugurações”, é assim que eu lhes quero chamar, são um grupo mais ou menos alargado de indivíduos que se movem por diferentes interesses, mas que podem ser enquadrados em três ou quatro grupos distintos:

- Os que querem marcar presença aos olhos dos seus superiores hierárquicos e/ou superiores correligionários partidários;

- Os que não rejeitam a oportunidade para comer uns “morfes” e beber uns copos à pala de quem quer que seja;

- Os que desejam ficar na fotografia para a posteridade e, quem sabe, nas imagens de uma qualquer TV que muito provavelmente as irá colocar no “ar” num qualquer noticiário;

- Por último, aqueles que não tendo mais nada que fazer estão sempre disponíveis para participar nestes e noutros actos revestidos de maior ou menor solenidade.

Como diz, e bem, este vasto “target” de inauguradores profissionais está longe de corresponder ao reduzido “target” de utilizadores pontuais, chegando a ser confrangedor o elevado contraste entre a grande apoteose, mais ou menos forçada, verificada no momento solene da inauguração, e a fraca utilização que se vem a verificar nos dias subsequentes.

A propósito deste tema, não resisto a contar uma prática, real, de um meu amigo, mais ou menos bem inserido na alta sociedade da “Capital do Reino”, e que consiste no facto de se fazer acompanhar, sempre, na viatura em que se desloca, de uma gravata preta; à pergunta por que é que utiliza tal prática, a resposta não se faz tardar:

- Aos casamentos, baptizados e outras festividades só vou se for convidado; aos funerais posso ir sempre (!) e quando menos espero, e com um bocado de sorte até posso fazer uns negócios pelo meio ou, em última instância, aparecer na TV ou numa foto de uma revista ao lado de um VIP qualquer, pelo que tenho de estar sempre prevenido…

Entre este comportamento, real, deste meu amigo e o comportamento, também ele real, dos nossos “profissionais das inaugurações”, haverá, seguramente, algumas diferenças mas, lá bem no fundo, no fundo, o motivo que os faz mover não será assim tão diferente quanto isso.

João Fialho disse...

Excelente comentário, o deste nosso ilustre leitor e comentador assíduo.

Espero que continue a ter razões para nos deliciar com as suas análises e comentários. Obrigado.